Hoje saí correndo do trabalho pra ir pro Seminário. Ainda parei nano T.I. da Macaxeira pra comer antes de ir. E pra variar, quando cheguei lá, demorou pacas pra começar, e eu dormi que só. Mas foi o dia em que começou mais cedo. A última mesa-redonda do seminário chamou-se "Lutas Políticas, Organização e Estratégias dos Povos Africanos no Brasil." e foi ministrada por José Bento Rosa da Silva, Isabel Cristina Martins Guillen e Paulino de Jesus Cardoso. O primeiro a falar foi o profesor José Bento. Eu estudei com ele lá na UFPE, semestre passado (e no retrasado também, quando eu desisti da cadeira) História da África. Muito boa a cadeira. Mas enfim, ele sitou a pesquisa dele no vale do Itajaí, em Santa Catarina. Por muito tempo, o Itajaí foi o maior porto do sul. Então ele falou de dois personagens importantes em sua pesquisa, mas que são meio esquecidos pela história local. Um deles é o Manuel Ferreira de Miranda, político, fundador de 02 jornais que faziam oposição à elite política de sua época. Por onde ele passou fundou escolas e jornais. Bento faz um trabalho baseado na tradição oral, com netos e bisnetos de Manuel. O segundo personagem é Firmino Alfredo Rosa, que teve o pai assassinado por um tal de Schneider, que era uma espécie de empresário da época. Embora todas as testemunhas tenham dito que Schneider tinha sido culpado pelo crime, ele foi solto (quem disse que a história não se repete?). Firmino cria o Clube Náutico Cruz e Souza, que era uma espécie de oposição ao Clubes Náuticos Almirante Barroso e Marcílio Dias, que não aceitavam negros entre os seus sócios.
O segundo a falar foi Paulino. Começou citando Edward Said (me lembrei das aulas de Contemporânea com Montenegro): "O compromisso de um intelectual é com a verdade" (Mas em História, como fica este compromisso com a verdade? Onde está a verdade?). Ele depois nos fez uma pergunta que eu achei bem interessante: Quando as formas de associação dos africanos e seus descendentes se transformaram em movimento negro? Bem, depois ele começou a tratar de um assunto que eu gosto muito, que são as Irmandades Religiosas. Ele disse que estas Irmandades, Confrarias e Ordens Terceiras eram compostas de cristãos em torno de um santo para ser o seu padroeiro. Elas tratavam de enterros, procissões, festas religiosas. Falou da Irmandade da Misericória, que trata dos presos, doentes e indigentes. A Irmandade mais conhecida em Santa catarina era a de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, que funciona até hoje ( e também tem em outros estados, a exemplo do Rio de Janeiro). Para ele, as Irmandades eram instituições-símbolo da ambiguidade e plasticidade de uma sociedade que precisava dos escravos, mas também permitia que ele traçasse passos para a sua liberdade. Descobri que pardos eram aqueles que nasciam livres, mas eram descendentes de escravos. Na Irmandade dos Homens Pardos era expressamente proibida a entrada de cativos. Falou das teorias de Sílvio Romero e Nina Rodrigues (me lembrei das aulas de Sociologia II com o professor bonitinho... Acho que era Ivan o nome dele) que falavam da inferioridade do negro. Pra terminar, ele falou que o discurso anti-racista como nós conhecemos vem a partir da década de 1970, e que este discurso é diferente através da História. E que não podemos reduzir a luta do movimento negro às cotas para a universidade.
O segundo a falar foi Paulino. Começou citando Edward Said (me lembrei das aulas de Contemporânea com Montenegro): "O compromisso de um intelectual é com a verdade" (Mas em História, como fica este compromisso com a verdade? Onde está a verdade?). Ele depois nos fez uma pergunta que eu achei bem interessante: Quando as formas de associação dos africanos e seus descendentes se transformaram em movimento negro? Bem, depois ele começou a tratar de um assunto que eu gosto muito, que são as Irmandades Religiosas. Ele disse que estas Irmandades, Confrarias e Ordens Terceiras eram compostas de cristãos em torno de um santo para ser o seu padroeiro. Elas tratavam de enterros, procissões, festas religiosas. Falou da Irmandade da Misericória, que trata dos presos, doentes e indigentes. A Irmandade mais conhecida em Santa catarina era a de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, que funciona até hoje ( e também tem em outros estados, a exemplo do Rio de Janeiro). Para ele, as Irmandades eram instituições-símbolo da ambiguidade e plasticidade de uma sociedade que precisava dos escravos, mas também permitia que ele traçasse passos para a sua liberdade. Descobri que pardos eram aqueles que nasciam livres, mas eram descendentes de escravos. Na Irmandade dos Homens Pardos era expressamente proibida a entrada de cativos. Falou das teorias de Sílvio Romero e Nina Rodrigues (me lembrei das aulas de Sociologia II com o professor bonitinho... Acho que era Ivan o nome dele) que falavam da inferioridade do negro. Pra terminar, ele falou que o discurso anti-racista como nós conhecemos vem a partir da década de 1970, e que este discurso é diferente através da História. E que não podemos reduzir a luta do movimento negro às cotas para a universidade.
Por fim, falou Isabel Guillen (que foi minha professora em Pernambuco II). Começou falando da dimensão política da escravidão e como os povos que aqui chegam vão definindo estratégias para lidar com a escravidão. Ela trabalha com os afrodescentes do fim do século XIX e início do século XX. A África como nós conhecemos foi uma construção, uma ressignificação. As tradições africanas, ou ditas africanas que aqui conhecemos, são fruto de um diálogo entre a tradição e as novas práticas. Em outro ponto, fala que a escravidão não foi o fim dos problemas dos negros e nem o negro foi marginalizado e ponto final. Há os meios-termos. José Murilo de Carvalho dá uma visão negativa da participação política, em especial a partidária, em seu livro Os Bestializados (que fala da 1ª república no Rio de Janeiro. E é muito bom! Quem puder, leia). quem participava ativamente da vida política era chamado bilontra, uma vítima em potencial do malandro. Os negros fundaram muitos clubes recreativos e carnavalescos como uma forma de reconhecimento social. Isabel pergunta-se se eram estratégias de branqueamento. Em Recife, esta era a estratégia utilizada pelas mulheres negras e pelos capoeiras. Após a abolição, não há muitos registros de como o negro se insere na sociedade. Ela fala do tema principal de seu estudo, que sao agremiações carnavalescas de negros no fim do século XIX e início do XX. Ela está fazendo uma pesquisa sobre Dona Santa, Rainha do Maracatu Elefante. Se não me engano a que ficou por mais tempo e até hoje, a mais conhecida entre todas as Rainhas que já existiram. Ela termina citando alguns nomes das agremiações que achou em suas pesquisas: Africanas da Boa Vista, Africanos de Santo Amaro, Negros Cidadãos, Pretos Civilizados. A cidadania era bastante importante para eles, do ponto de vista político. E pra finalizar, mesmo, ela pergunta porque estas agremiações nunca foram estudadas/encontradas por quem estuda carnaval.
Não assisti a conferência de encerramento. Estava cansada, com sono, dor de cabeça, dor de dente, dor de ouvido, gripada. Peguei o meu certificado e vim pra casa. Mas valeu. Foram muito bons estes três dias. De muito conhecimento pra mim. E até me deu umas ideias pra pesquisas do meu bacharelado. Isso se ainda puder voltar no próximo semestre, se não tiver sido jubilada... Coisa bonita...
Não assisti a conferência de encerramento. Estava cansada, com sono, dor de cabeça, dor de dente, dor de ouvido, gripada. Peguei o meu certificado e vim pra casa. Mas valeu. Foram muito bons estes três dias. De muito conhecimento pra mim. E até me deu umas ideias pra pesquisas do meu bacharelado. Isso se ainda puder voltar no próximo semestre, se não tiver sido jubilada... Coisa bonita...
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