Sexta fui assistir a "Sopros de Vida", que eu já tinha tentado assistir quando estava no Rio, mas não consegui. Inicialmente, eu sabia que era a história de duas mulheres, Frances e Madeleine (interpretadas magnificamente por Rosamaria Murtinho e Natália Timberg), que passaram 25 anos dividindo o mesmo homem. À primeira vista, pode parecer que o espetáculo é só sobre isso, mas ele vai além... Em um dia qualquer, Frances resolve visitar Madeleine, que mora em uma ilha, para que esta possa contar-lhe a sua história com Martin e Frances possa escrever em um suposto livro. É engraçado como ao longo do espetáculo vamos percebendo (ou pelo menos eu percebi assim) como as duas completam-se, como se as duas formassem juntas a "Mulher Perfeita": Frances é a típica dona-de-casa. Viveu para o marido e para os filhos. Quando Martin vai embora para viver com uma mulher um pouco mais velha que os seus filhos, ela perde o sentido de sua vida... Passa a escrever romances, mas sempre como uma catarse de seus sentimentos pelo marido. Os personagens masculinos são sempre baseados nele. Já Madeleine é uma mulher independente. Foi para os EUA ainda jovem (a história passa-se na Inglaterra), estudou, dirigiu uma sessão em um Museu durante anos, faz pesquisas, uma intelectual... Mas no fundo, quer apenas o objeto de sua paixão. Tem uma frase dela que diz muito, e é mais ou menos assim: "Eu queria tudo e tive medo de só ficar com alguma coisa", por isso ela deixa o Martin pra trás, com medo de que ele não pudesse dar o que ela queria, ou merecia... (isso me pareceu tão familiar rs). O enredo (que aliás é de David Hare, roteirista de "As Horas" e "O Leitor") é muito bom. Vemos vários enredos dentro do enredo da partilha de dois homens. Duas mulheres diferentes, conversando sobre o seu comum: Martin. E sobre mais: Críticas aos EUA, medo da morte, conselhos... Madeleine manda Frances viver a sua vida, pois Martin vive a dele... Enquanto conversam, fumam, bebem (chá, cerveja, whisky)... Uma espécie de "vamos passar o passado a limpo". Tem uma frase da Madeleine que é muito boa: "O ruim de se viver no passado é porque já se sabe como a história acaba". O espetáculo é ótimo! Ri muito! As atrizes estão ótimas! Quem puder assistir... Aqui, ali, ou em qualquer lugar... assista!
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