domingo, 12 de junho de 2011

Vênus Negra.

Hoje o Trombadinha me ligou me chamando pra ir ao cinema, pro Festival de CInema francês que está tendo no Cinema da Fundação até o dia 16. Não lhe digo para ir porque provavelmente não encontrará mais ingressos, mas vale a pena tentar. O tombadinha me disse que era um filme sobre como o negro era tratado na França, no século XIX. Quando chegamos lá, a fila estava enooorme. Nos sentamos na segunda fila, quase dentro da tela. 
O filme conta a história de Saartjie Baartman, uma negra que é explorada por um branco no século XIX. Ela é a protagonista de um verdadeiro show de horrores, no qual se passa por uma "selvagem africana" (coloco entre parênteses porque acho esse termo muito preconceituoso, mas não consegui achar outro) presa numa jaula. A exploração começa em Londres, onde o branco Hendrik Caezar até é processado por maus tratos, mas Sarah (como também é chamada Saarjtie) desmente os maus tratos. Caezar a leva na conversa ou nos maus tratos. Conhecem um domador e vão com ele e sua amante para Paris. Lá o show de horrores piora. Se antes ela era apalpada, em Paris tudo piora. O filme é muito denso e as quase três horas de duração pioram ainda mais a situação. Em Paris, ela vai ser estudada, por ser uma hotetonte e ter o avental hotetonte, uma pele crescida que cobria a vagina. A ciência queria provar que os negros eram próximos dos macacos e que eram inferiores na escala das raças. Até onde pode se humilhar uma pessoa em nome da ciência? Até onde vai a ganância de uma pessoa por dinheiro? Essas foram as perguntas que me fiz quando vi o que fizeram com a  mulher. As humilhações que você imaginar para uma pessoa, Sarah viveu. A atriz Yahima Torres faz o personagem magistralmente. Ela não revida, apenas aceita as suas humilhações com lágrimas e com um olhar submisso. Nesse filme parece que tudo é muito: as cenas de sexo, os castigos, a humilhação. Eu estava me sentindo na pele de Sarah. Muitas pessoas saíram do cinema. Devem ter achado aquilo demais. E era mesmo. O filme é muito denso. Eu tava cansada quando saí do cinema. E o pior é você descobrir, no fim do filme, que tudo aquilo foi real, que a Saartjie realmente existiu e que passou por todas aquelas humilhações. O corpo dela voltou para a África do Sul em 2002. Um pouco de descanso para a pobre Sarah... Que ela tenha o descanso que não teve em vida... Quando saí do cinema me fiz a pergunta que me faço todos os dias: "Até onde vai a capacidade do ser humano?".

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