quinta-feira, 12 de maio de 2016

É isto um homem?, de Primo Levi.


Esta semana acabei de ler "É isto um homem?", de Primo Levi. Não posso falar por todos, mas quando acabei de ler o livro não pude deixar de fazer a pergunta "Eram homens aqueles nos campos de concentração ou eram já espectros de homem? No livro, Levi conta as suas experiências num campo de concentração e, como, estando lá, o que importava era viver, mesmo que a moral e a consciência do certo e errado fossem deixados de lado. Temos violência, privações, maus tratos, perda de identidade, pois os prisioneiros nem seus nomes portavam mais, apenas seus números de matrícula, de acordo com a chegada no campo. No livro, vemos que muitos prisioneiros roubavam ou se aliavam ao inimigo para a sua própria sobrevivência. E quem poderia julgá-los? muitos de nós faríamos a mesma coisa naquelas precárias condições e sem perspectiva de muito tempo de vida. Abaixo, um dos trechos do livro que achei mais marcantes:

Pela primeira vez, então, nos damos conta de que a nossa língua não tem palavras para expressar esta ofensa, a aniquilação de um homem. Num instante, por intuição quase profética, a realidade nos foi revelada: chegamos ao fundo. Mais para baixo não é possível. Condição humana mais miserável não existe, não dá para imaginar. Nada mais é nosso: tiraram-nos as roupas, os sapatos, até os cabelos; se falarmos, não nos escutarão – e, se nos escutarem, não nos compreenderão. Roubarão também o nosso nome, e, se quisermos mantê-lo, deveremos encontrar dentro de nós a força para tanto, para que, além do nome, sobre alguma coisa de nós, do que éramos. (LEVI, 1988, p.32)

Levi consegue sobreviver pela sua formação em Química, por estar doente no momento em que os alemães fogem dos soviéticos e abandonam o campo, não participando assim da conhecida Marcha da morte. Sobreviveu porque em muitos momentos deixou a sua consciência de lado para lutar pela sua vida. "É isto um homem?" é um livro que todos deveriam ler, para que nunca mais deixássemos preconceitos e intolerâncias roubarem a nossa humanidade. Um livro que verdadeiramente nos tira de nosso lugar comum. Relato cru e belíssimo das vidas nos campos de concentração!

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