segunda-feira, 3 de abril de 2017

Admirável mundo novo, de Aldous Huxley.


Admirável mundo novo é um daqueles livros que você lê e que lhe dão uma sacudida do seu lugar comum. É um livro excelente, que embora escrito na década de 1930 ainda se faz muito atual. Um verdadeiro clássico da literatura! A obra narra um futuro distópico, no qual as pessoas são condicionadas a fazerem o que quer o Estado, em nome da estabilidade social, pois "não há civilização sem estabilidade social e não há estabilidade social sem estabilidade individual". Os seres humanos são criados em série, a partir do processo Bokanovsky e condicionados desde cedo, a partir do sistema hipnopédico, em que as lições eram repetidas ao extremo durante o sono dos "indivíduos" (Entre aspas porque não há individualidade. Há um monte de gente que forma um todo), para que ficassem gravadas em seus inconscientes. As pessoas não sabem lidar com problemas, tristezas, guerras, pois tudo isso desestabilizaria o indivíduo e a sociedade, e consequentemente a civilização. Para não lidar com as dores/ problemas/ sofrimentos do dia-a-dia cada cidadão recebe uma dose diária de soma, uma espécie de inibidor de emoções. Já não há família, casamento, relações duradouras, pois estas são coisas antigas que não servem para a civilização atual. A sociedade é dividida em castas, tendo cada uma delas um papel social significativo dentro da sociedade e é importante que todos os grupos desempenhem bem os seus papéis, para que a sociedade não se desestabilize. Os únicos livros que se conhece são os livros que falam como manter a sociedade em bom funcionamento. John, o "selvagem", do povo que mantém os antigos costumes, é quem terá o hábito de ler os livros de Shakespeare. O "selvagem" é mais civilizado que os civilizados, que já não têm pensamentos próprios e não admiram as artes e as ciências... Deus é substituído por Ford. Sim, aquele mesmo que inventou a produção em massa, já que tudo nesta sociedade é fabricado em massa, até mesmo os humanos e as suas identidades. Não há um Deus como o conhecemos. Apenas o "Selvagem" é que possui uma ligação com Deus. O "Selvagem" que tanto queria conhecer o Admirável mundo novo, mas que ao conhecê-lo, perceberá que ele não é tão admirável assim. A ciência aqui não é nossa aliada, mas nos desumaniza e nos "desindividualiza". Um excelente livro, que faz você perceber que, embora as coisas apresentadas no livro sejam absurdas, elas estão mais próximas de nós do que imaginamos. Vale muito a pena ler!!!

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