quarta-feira, 12 de abril de 2017

O filho eterno, de Cristovão Tezza.


Semana passada terminei de ler "O filho eterno", de Cristovão Tezza. O livro recebeu vários prêmios, não que prêmios digam algo. Muitas vezes não dizem é nada rs, mas neste caso dizem sim. O livro é muito bom e te prende. Algumas passagens surpreende pela "crueza" da forma como é retratado o sentimento do pai pelo seu filho, como nas que ele pensa que gostaria que o filho morresse. Bem, o livro conta a história de um pai, sustentado pela esposa, escritor de romances sem sucesso e que se vê com um filho com síndrome de down. O desgosto é tanto que ele deseja que o filho morra muitas vezes e até evita falar dele com outras pessoas para que elas não perguntem sobre "os problemas" do garoto. Na verdade, o problema é mesmo com ele que não consegue aceitar o filho da forma como ele é. O livro se passa na década de 1980 e podemos perceber as diferenças de tratamento de uma pessoa com síndrome de down daquela época e as de hoje em dia. Naquele tempo se dizia que não viviam muito, que não podiam andar sozinhos na rua, as escolas ainda não tinham a estrutura necessária para atender essas crianças... Infelizmente, embora hoje em dia exista a lei da inclusão, muitas escolas ainda não estão preparadas. Voltando ao livro... Com o tempo, Felipe vai se desenvolvendo, seja com a ajuda da natação, dos médicos ou da arte, através dos seus desenhos, e o pai começa a percebê-lo de maneira diferente. A meu ver, a relação do pai para com o filho muda no dia em que este sai de casa sem que ninguém o veja e o pai vai atrás dele. O final do livro é muito bonito e a obra como um todo nos mostra o amadurecimento da relação entre o pai e o filho, de uma maneira muitas vezes crua, dura, mas talvez por isso mesmo, muito bonita. 



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