O segundo dia de seminário foi ótimo! Começou atrasado também, pra variar... Iniciou-se com a mesa-redonda "Tecendo Letras e Lutas: Iniciativas Educacionais do Povo Negro", com Maria Lúcia Rodrigues Müller, Itacir Marques da Luz e Ana Flávia Magalhães Pinto. A primeira a falar foi a professora Maria Lúcia. A pesquisa dela é sobre a educação dos negros na 1ª República. Principalmente sobre o processo de branqueamento do magistério público nos estados do Mato Grosso, Rio de Janeiro e Minas Gerais. E a institucionalização do racismo institucional, que barra o acesso das minorias às instituições (já sei, é meio óbvio rs). Com isso, nega-se a possibilidade de ascensão (é assim mesmo) social e econômica a estas pessoas. Ela disse que até o fim da década de 1910, era comum negros irem à escola pública e também termos professores negros nas escolas e meios acadêmicos. Pelo que ela falou, parecia que eles eram a maioria, em relação aos brancos. Eu nunca tinha ouvido falar disso. Foi uma surpresa pra mim. Sempre ouvi falar aque após a abolição, eles penaram. Mas enfim... Nesta época já existia concurso público para professores no Rio de Janeiro, exceto para aqueles que terminavam o Normal com Aproveitamento. Depois foi citado um pensamento de Clifford Geertz: "As ideias têm que ser institucionalizadas para terem uma existência material na sociedade. [...] devem ser apresentadas por grupos sociais poderosos para poderem ter efeitos sociais poderosos. Alguém deve reverenciá-las, celebrá-las, impô-las". Depois citou um pensamento de Afranio Peixoto: "O futuro do Brasil pertence à raça branca" (Nada mais equivocado, já que a maioria de nossas manifestações têm um pé cultural na África). Ele falou ainda que era necessário cuidado com a sedução das negras e das índias. Fernando de Azevedo foi o responsável por uma Reforma no Ensino e promoveu a sua elitização. O professor Hemetério José dos Santos escreveu a "Carta aos Maranhenses", que falava da educação popular. No Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX, havia uma participação ativa dos negros na vida intelectual. Com o tempo, isso vai mudando, pois o grande número de negros na vida intelectual estava em desacordo com o novo projeto de nação brasileira, que estava nascendo.
Depois veio a palestra de Ana Flávia que falava sobre jornais feito por negros no século XIX. Lembrou que na África já existia a escravidão por guerras e por dívidas. E da rede de solidariedades que envolviam os negros. A constituição de famílias era mais comum do que se imagina. Lembrou da importância de pensar-se o negro não apenas em sua escravidão, mas também em sua liberdade. Falou dos Pasquins existentes no período regencial, que falava das garantias dos direitos dos negros e por fim, disse um pensamento que eu não me lembro todo, apenas o começo: "Há tempo de calar e há tempo de falar. O tempo de calar já passou. Chegou o tempo de falar".
O terceiro da mesa foi Itacir. O nome de sua palestra foi "Entre Letras e Cor: Lutas Sociais e Ações Educacionais do Povo Negro no Oitocentos". Começou a palestra falando que no fim do século XIX o Brasil estava passando por um novo projeto de nação. Este projeto demandava civilidade, urbanidade e instrução popular. Nesta época ainda havia os confrontos escravos, a luta pela abolição e o trabalho livre e os questionamentos sobre os espaços e as representações. E também havia a organização negra, a busca pela sua afirmação racial, suas contestações políticas e a reinvidicação social de seus direitos. Falou que no Rio de Janeiro o número da população escrava era maior que o número do restante da população. Ah.. E falou de Francisco do Rêgo Barros, o nosso Conde da Boa Vista, que foi o responsável pela urbanização do Recife em fins do século XIX. Ele estudou na França, por isso o Recife é uma das cidades brasileiras que mais recebeu influência francesa. Falou também de Joaquim Nabuco, que ele queria a abolição da escravatura de forma gradual. Ele também disse que o acesso do negro às escolas públicas foi reduzido ao longo do século XIX. A educação pelos negros era vista como direito e como bem. Havia um papel ativo da população negra no Fazer Educacional. Citou as posturas municipais, que ocorrem no Recife a partir da 2ª metade do século XIX (a palestra dele me lembrou muito de um livro que eu li para a cadeira de Penambuco II: "O Pântano e o Riacho". Agostinho José Pereira, também chamado de "Divino Mestre", foi um pesornagem que viveu no século XIX. Era contrário ao Catolicismo oficial. alfabetizava com passagens da bíblia que falavam da liberdade. A Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais de Pernambuco foi fundada em 1841. Dos 155 sócios, 143 eram pretos, mulatos e pardos. Estes últimos eram maioria. Moravam sobretudo nos bairros do Recife, Santo Antônio, São José e Boa Vista.
Pausa para o lanche. Comi mais que no primeiro dia. O povo continuou avançado na comida...
A segunda mesa-redonda foi: "Laços de família, relações de parentesco, afetividade e resistência: a família negra sob a escravidão". Nela falaram Cristiane Pineiro, Isabel Cristina dos Reis e Solange Pereira da Rocha. A coordenadora da mesa, Rosilene Rodrigues, falou da sobrevivência da família e dos laços de afetividade, apesar da escravidão. A primeira a falar foi Cristiane. A pesquisa dela tem como lugar o São Luís (ou será a São Luís?) do século XIX. Ela inicia dizendo que por muito tempo pensava-se que os laços entre os negros era apenas de promiscuidade. A partir de 1846, o Maranhão torna-se um grande vendedor de escravos e ela pesquisa as consequencias do tráfico intreprovincial nas relações familiares. Quais eram as estratégias dos escravos para reverter as consequencias deste tráfico? falou do escravo de ganho, presente no mundo urbano, que ele tinha mais "liberdade" que os outros. Maior mobilidade. Houve famílias escravas constituídas de múltiplas formas. Os casamento institucionalizados eram poucos. No espaço urbano os escravos desenvolviam trabalhos mais pesados, mas também havia os que desenvolviam trabalhos mais especializados. Estes, por sua vez, tinham mais dificuldade para conseguirem a sua alforria, pois davam mais lucro aos seus senhores. Há casos de pais que entram na justiça atrás de seus filhos que foram vendidos para outras províncias. Alguns, quando eram separados de suas famílias, cometiam o suicídio. Também há casos de mães libertas que acompanham os seus filhos vendidos e escravos que conseguem que os seus donos comprem os seus parentes.
Por último falou Isabel. Ela disse que os estudos sobre a família escrava despontam apenas na década de 1970. Falou de Africanos Livres, que trabalhavam em repartições públicas. Ficavam por 14 anos sob a tutela do Estado Brasileiro, que tinha o objetivo de "civilizar" estas pessoas. Uma inserção na sociedade para que eles se tornassem sujeitos dela. Em sua pesquisa, ela não encontrou registros de famílias nucleares, apenas de mães e seus filhos. Em 1864 há a emancipação de todos os africanos livres. A quebra dos laços familiares causava revolta nos negros. A partir de 1871, ano em que foi publicada a Lei do Ventre Livre, cresce a procura pelas instâncias públicas, para a mover a ação pela liberdade. havia um Fundo de Emancipação, que era distribuído entre os municípios do Brasil para al ibertação dos escravos. Mas o valor era pouco. A prioridade para a libertação eram as famílias. As uniões consensuais eram predominantes. A partir de 1886 , os senhores iniciam briga para receber a indenização do governo da alforria dos escravos. A prioridade para ser alforriado era da família que possuía o pecúlio (ou será pecúnio), uma espécie de poupança. Os negros que nasceram após 1871 eram chamados ingênuos. E falou da falta de condições de vida dos ex-escravos. Bem, assisti até aqui. Saí de lá correndo para ir encontrar Juli na cidade.
Depois veio a palestra de Ana Flávia que falava sobre jornais feito por negros no século XIX. Lembrou que na África já existia a escravidão por guerras e por dívidas. E da rede de solidariedades que envolviam os negros. A constituição de famílias era mais comum do que se imagina. Lembrou da importância de pensar-se o negro não apenas em sua escravidão, mas também em sua liberdade. Falou dos Pasquins existentes no período regencial, que falava das garantias dos direitos dos negros e por fim, disse um pensamento que eu não me lembro todo, apenas o começo: "Há tempo de calar e há tempo de falar. O tempo de calar já passou. Chegou o tempo de falar".
O terceiro da mesa foi Itacir. O nome de sua palestra foi "Entre Letras e Cor: Lutas Sociais e Ações Educacionais do Povo Negro no Oitocentos". Começou a palestra falando que no fim do século XIX o Brasil estava passando por um novo projeto de nação. Este projeto demandava civilidade, urbanidade e instrução popular. Nesta época ainda havia os confrontos escravos, a luta pela abolição e o trabalho livre e os questionamentos sobre os espaços e as representações. E também havia a organização negra, a busca pela sua afirmação racial, suas contestações políticas e a reinvidicação social de seus direitos. Falou que no Rio de Janeiro o número da população escrava era maior que o número do restante da população. Ah.. E falou de Francisco do Rêgo Barros, o nosso Conde da Boa Vista, que foi o responsável pela urbanização do Recife em fins do século XIX. Ele estudou na França, por isso o Recife é uma das cidades brasileiras que mais recebeu influência francesa. Falou também de Joaquim Nabuco, que ele queria a abolição da escravatura de forma gradual. Ele também disse que o acesso do negro às escolas públicas foi reduzido ao longo do século XIX. A educação pelos negros era vista como direito e como bem. Havia um papel ativo da população negra no Fazer Educacional. Citou as posturas municipais, que ocorrem no Recife a partir da 2ª metade do século XIX (a palestra dele me lembrou muito de um livro que eu li para a cadeira de Penambuco II: "O Pântano e o Riacho". Agostinho José Pereira, também chamado de "Divino Mestre", foi um pesornagem que viveu no século XIX. Era contrário ao Catolicismo oficial. alfabetizava com passagens da bíblia que falavam da liberdade. A Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais de Pernambuco foi fundada em 1841. Dos 155 sócios, 143 eram pretos, mulatos e pardos. Estes últimos eram maioria. Moravam sobretudo nos bairros do Recife, Santo Antônio, São José e Boa Vista.
Pausa para o lanche. Comi mais que no primeiro dia. O povo continuou avançado na comida...
A segunda mesa-redonda foi: "Laços de família, relações de parentesco, afetividade e resistência: a família negra sob a escravidão". Nela falaram Cristiane Pineiro, Isabel Cristina dos Reis e Solange Pereira da Rocha. A coordenadora da mesa, Rosilene Rodrigues, falou da sobrevivência da família e dos laços de afetividade, apesar da escravidão. A primeira a falar foi Cristiane. A pesquisa dela tem como lugar o São Luís (ou será a São Luís?) do século XIX. Ela inicia dizendo que por muito tempo pensava-se que os laços entre os negros era apenas de promiscuidade. A partir de 1846, o Maranhão torna-se um grande vendedor de escravos e ela pesquisa as consequencias do tráfico intreprovincial nas relações familiares. Quais eram as estratégias dos escravos para reverter as consequencias deste tráfico? falou do escravo de ganho, presente no mundo urbano, que ele tinha mais "liberdade" que os outros. Maior mobilidade. Houve famílias escravas constituídas de múltiplas formas. Os casamento institucionalizados eram poucos. No espaço urbano os escravos desenvolviam trabalhos mais pesados, mas também havia os que desenvolviam trabalhos mais especializados. Estes, por sua vez, tinham mais dificuldade para conseguirem a sua alforria, pois davam mais lucro aos seus senhores. Há casos de pais que entram na justiça atrás de seus filhos que foram vendidos para outras províncias. Alguns, quando eram separados de suas famílias, cometiam o suicídio. Também há casos de mães libertas que acompanham os seus filhos vendidos e escravos que conseguem que os seus donos comprem os seus parentes.
Por último falou Isabel. Ela disse que os estudos sobre a família escrava despontam apenas na década de 1970. Falou de Africanos Livres, que trabalhavam em repartições públicas. Ficavam por 14 anos sob a tutela do Estado Brasileiro, que tinha o objetivo de "civilizar" estas pessoas. Uma inserção na sociedade para que eles se tornassem sujeitos dela. Em sua pesquisa, ela não encontrou registros de famílias nucleares, apenas de mães e seus filhos. Em 1864 há a emancipação de todos os africanos livres. A quebra dos laços familiares causava revolta nos negros. A partir de 1871, ano em que foi publicada a Lei do Ventre Livre, cresce a procura pelas instâncias públicas, para a mover a ação pela liberdade. havia um Fundo de Emancipação, que era distribuído entre os municípios do Brasil para al ibertação dos escravos. Mas o valor era pouco. A prioridade para a libertação eram as famílias. As uniões consensuais eram predominantes. A partir de 1886 , os senhores iniciam briga para receber a indenização do governo da alforria dos escravos. A prioridade para ser alforriado era da família que possuía o pecúlio (ou será pecúnio), uma espécie de poupança. Os negros que nasceram após 1871 eram chamados ingênuos. E falou da falta de condições de vida dos ex-escravos. Bem, assisti até aqui. Saí de lá correndo para ir encontrar Juli na cidade.

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