domingo, 25 de setembro de 2011

A personagem, de Beth Brait.

Li "A Personagem" para a cadeira de Análise e interpretação dos textos literários porque o professor passou. Eu gostei muito do livro. Me pareceu muito didático e de fácil linguagem. Beth Brait inicia o livro levantado uma discussão sobre o aspecto humano da personagem, pois algumas pessoas acham que as personagens são seres, esquecendo que elas são representação e só estão "vivas" por conta da palavra. Acho que podemos dizer que a personagem é uma questão linguística, já que usa a língua para tomar forma. Depois a autora faz um histórico do estudo dos pensadores sobre a personagem, iniciando por Aristóteles, que foi o primeiro. Ele meio que inaugura a tendência de se relacionar personagem e pessoa, quando fala da sua verossimilhança, mas o que algumas pessoas esquecem é que mais importante que a verossimilhança da personagem é a importância da verossimilhança interna da obra e pra exemplificar isso ela cita Indiana Jones e Iracema, personagens criados por Steven e José de Alencar, respectivamente. Por mais inumanas que pareçam as suas ações (principalmente no caso de Indiana Jones), são boas personagens pois estão de acordo com a verossimilhança interna da obra. Depois vem Horácio e a sua visão pedagógica e moralizante da personagem, que deve servir de modelo para as pessoas. Na Idade Média, as personagens servem à fé cristã e no Renascimento, Philip Sidney diz que as artes só têm valor quando conduzem a uma ação virtuosa. A coisa muda um pouquinho a partir do século XVIII e principalmente a partir do Romantismo, quando se começa a traçar personagens com mais carga psicológica, mas o grande salto só é dado no século XX, com o Formalismo Russo. Aqui sim, se entederá que a personagem é um problema linguístico e como a linguagem utilizada pelo autor vai dar a forma à personagem. Já lá no começo ela fala isso quando exemplifica com Aristarco, personagem de "O Ateneu", de Raul Pompeia. Depois ela trata da construção da personagem e como o narrador tem uma função primordial na caracterização delas. Narrador este que pode estar em terceira ou primeira pessoa, sendo assim também uma personagem da história. Por fim, ela termina o livro com o relato de como alguns escritores criam as suas personagens, um glossário com termos relacionados ao assunto e uma bibliografia comentada. Pra quem se interessa por literatura, recomendo...

1 comentários:

  1. Estou lendo esse livro agora, para a minha aula de teoria da literatura e estou amando. Mas diferente do que você disse, não sei se é por estar no começo da minha graduação, achei a linguagem um pouco complicado, mais pra frente, talvez, eu entenda melhor e a ache bem clara. Mas ainda sim estou amando e tem me esclarecido bastante coisa.

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