quinta-feira, 13 de junho de 2013

O cortiço, de Aluísio Azevedo.

Essa semana li O cortiço. Ultimamente tenho que me virar nos 30 pra ler tanto quanto os professores estão mandando. Tá uma correria só... Afff!!! Mas tudo passa.... Ou piora de vez (a probabilidade maior é essa!). A primeira que li o livro eu tinha 19 anos e tava me preparando para fazer vestibular pela 3ª e última vez (se não passasse, pois já tava de saco cheio rs). Uma cena que me lembrava é da que Leocádia ao ir transar com Henrique atrás do cortiço tira a saia molhada para não pegar corrimento. 
Gosto muito desse livro. Na releitura, vi coisas que não lembrava e pude ver também coisas novas. Me lembrei das aulas de literatura que tive com um professor chamado Fernando num pré-vestibular que fiz lá na UFPE, em 2002. Adorava as aulas dele. E elas foram um dos motivos que me levaram a fazer Letras... 
Mas vamos à obra. O cortiço é um exemplar do Naturalismo brasileiro. Nesta corrente, o uso do zoomorfismo é latente. As personagens são sensuais, movidas pelos desejos e pelos impulsos sexuais. O homem é produto do meio (determinismo) e como o positivismo e o culto à ciência estavam em alta, tudo era visto pelo viés sanitário e como uma doença. 
Várias personagens aparecem no livro, mas a personagem principal, a meu ver, é o próprio cortiço, que personifica-se por meio das páginas escritas pelo autor. Entre as personagens, temos João Romão, o dono do cortiço, que passa as maiores provações para ficar bem de vida e que inveja o seu vizinho Miranda, principalmente quando este torna-se barão. Bertoleza, que ajuda como ninguém o João Romão a subir de vida e no fim das contas tem um fim trágico. Pombinha, que era pura no início do livro e depois de "desvirtua". Rita Baiana, uma mestiça, altamente sensual que sabe como provocar os homens e conseguir o que quer deles. Firmo, capoeira e amante de Rita Baiana. Jerônimo, português, responsável, trabalhador e que ao apaixonar-se por Rita Baiana se desestrutura todo (uma clara ode ao determinismo). Piedade de Jesus, casada com Jerônimo e depois abandonada por este. Termina os dias como alcoólatra. No fim das contas, o cortiço acompanha a mudança de seu dono. Outras camadas sociais passam a morar ali, como jornalistas, artistas, operários. Posso estar enganada, mas acho que esse também é um dos primeiros livros brasileiros a tratar de uma relação homossexual. 
É um livro que vale a pena ser lido, quer como obra de arte, quer como retrato de uma determinada época da História do Brasil...

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