domingo, 9 de janeiro de 2011

03 anos do 05/01/2008 Parte II.

Quando me acordei no hospital, me dei conta de que estava só, longe de casa e sem ter como me comunicar com as pessoas porque o meu celular tava com Kíkero. Comecei a chorar, discretamente, porque não gosto de chorar na frente dos outros. Estava com uma fome triste, mas não tinha condições de comer porque não tinha como levantar o braço direito por conta da pancada e nem podia me levantar por conta da fratura no pescoço. Pedi um celular a uma mulher que tava acompanhando uma paciente e liguei pra Kíkero. Pedi pra ele mandar minha mãe ir pra lá. Ainda me lembro que ele perguntou: E precisa? Eu respondi: Se precisa, eu não sei, mas quero a minha mãe aqui. Quem me ajudou a comer foi Nazaré, que seria o meu anjo de guarda no hospital. Nunca vou me esquecer dela... De tarde, Kíkero foi me visitar e a primeira coisa que fez foi continuar a piada que tava contando na hora do acidente (que por sinal eu já nem me lembrava mais...) e depois começou a chorar quase que descontroladamente. A mulher que tava do lado da minha cama (que tinha fraturado a costela também num acidente de carro) quando ele saiu perguntou se ele era o meu marido. NÃO!!! Rs. Eu falei pra ele parar de chorar porque senão eu ia chorar também e não gosto de chorar em público. Depois de muito tempo ele se acalmou. Aí mainha chegou. E começou a chorar também. Eu disse a ela que não queria ninguém chorando junto de mim, porque eu que era a lascada num tava chorando.... Enquanto eu tava na emergência era divertido, tinha um monte de gente divertida. O pessoal ficava espantado como eu nem falava e nem reclamava de nada. Só às vezes que eu tinha que incomodar o povo desligando a luz porque como eu só podia ficar pra cima e eu tenho problemas com a iluminação, Nazaré apagava a luz. No domingo de noite, Luiza foi lá me visitar també. Teve até um dia que ela dormiu comigo. Recebi tantas visitas de gente que eu nem conhecia: uma amiga de tia Teca, que cedeu a casa pra mainha dormir lá, a tia de um ex-namorado de Sandrinha, até um médico da Marinha foi lá me ver porque ele tinha conversado com Kíkero e tudo mais. Teve um dia que a enfermeira quase me matou afogada na cama por conta de um banho. Aí eu pedi pelo amor de Deus que chamassem Nazaré. Ainda no domingo de noite eu mudei de cama. Saí do negócio que tava doendo a minha cabeça. E pra comer cuscuz deitada? Um verdadeiro malabarismo!!! Na quinta-feira chegaram Tatá e Tia São. Eu fiquei tão feliz de ver a minha avó lá. Principalmente porque ela nunca dorme na casa de ninguém e ela ia dormir na casa da amiga de tia Teca. A semana toda eu fiquei num tensão: fazer cirurgia, não fazer cirurgia, andar, não vai andar mais, ir pra casa, não ir pra casa... Na sexta de manhã eu fui pra enfermaria do primeiro andar, onde digamos que se tinha mais conforto. Só eram duas pessoas no quarto. Ou eram quatro. Eui realmente nem me lembro muito porque de qualquer forma, eu não via nada. Só o teto. E de qualquer forma, nenhum lugar seria confortável pra mim. Só a minha casa. Eu tava morrendo de saudade do meu irmão. Num gostei de ficar na enfermaria lá de cima. O povo só falava em morte e em acidentes. E eu ja tava lascada... num queria ouvir mais desgraças ainda... Todo dia Kíkero ligava pra mim e ummonte de gente. No fim das contas, por conta do roamming, paguei foi uma conta de R$480,00. Tatá veio embora, mas tia São ficou lá. Então as duas revezavam, mas mainha toda noite estava lá. Me lembro que teve uma noite que eu chamei mainha que só e ela não ouviu. Já tava ficando desesperada quando ela se acordou... No sabado à tarde, o médico me deu alta e me sentou na cama. Eu fiquei tão, tão, mas TÃO FELIZ. Parecia que eu tava ganhando na mega-sena. Depois de uma semana só deitada eu puder me sentar era quase isso... Mas nem passei muito tempo. Me deu uma tonteira, minha vista começou a escurecer, deu uma tremendeira, uma dor de barriga... Que vocês não têm noção... Depois da alta, começou a via-crúcis pra vir pra casa porque era muito caro pra vir de lá pra cá, as ambulâncias do hospital não traziam porque era outro estado e sentada eu não podia vir porque ea muito longe. Na segunda de tarde, finalmente eu consegui chegar em casa. Eu estava MUITO feliz por estar em casa. Quando eu vi o meu irmão, então... eu me iluminei. Só de poder ver pessoas amigas, escutar músicas, ouvir a novela, estar na minha casa... MUITO BOM!!!!
Como ando muito ocupada, por isso que o "amanhã" do outro post foi quase uma semana depois, não vou prometer que amanhã escrevo, mas esta semana conto como foi a minha recuperação em casa...

1 comentários:

  1. Muito bom a narrativa do acidente. Os detalhes, as reflexões, os sentimentos... Lendo um pouco desse episódio faz com que repensemos nossas vidas. Imagino o quanto você não refletiu.

    Parabéns pelo blog... continue a escrever...

    bjos

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